sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

ESTAÇÃO BELLA JOANA - Inicialmente Estação Terminal do Ramal de Sumidouro.


Matéria atualizada em 21 de janeiro de 2023.


Foto do acervo de Jorge Plácido, publicada no facebook por Márcio Rodrigues. Trabalho de restauração fotográfica: Amarildo Mayrink.


Acima e abaixo, a localização exata da antiga Estação de Bella Joana em fotos de Paulo Neiva Pinheiro.








Estação BELLA JOANA





Município: Sumidouro - RJ
Ramal de Sumidouro: Km 220,941 (1960).
Altitude: 270m.
Estação inaugurada em: 1° de agosto de 1885.
Estive no local em: Ainda não visitei a Estação. Fotos recentes de Paulo Neiva Pinheiro feitas em outubro de 2022.
Uso atual: Demolida.
Situação Atual – Ramal declarado erradicado, sem trilhos.

C. E. F. Sumidouro (1885)

E. F. Leopoldina (1885-1967)








HISTÓRICO DA LINHA:

 

Estação de Bella Joana está diretamente ligada à abertura do Ramal de Sumidouro em 1885, quando ainda se chamava Cia. E. F. do Sumidouro, sendo posteriormente adquirida pela Leopoldina.

Localizada na fazenda Bella Joana, originalmente se chamava Estação Sumidouro, o que perdurou por alguns meses, já que em 1886 foi aberta a nova Estação de Sumidouro localizada na hoje sede do Município, estação que também não existe mais. A partir de então, A Estação adotou o nome da fazenda onde estava localizada.
Entre 1885 e 1886, Bella Joana era o ponto terminal do Ramal que tinha seu início na estação Melo Barreto - MG, na divisa com o estado do Rio de Janeiro.

 

A ESTAÇÃO:

 

Em janeiro de 2017 percorri o trecho do Ramal de Sumidouro visitando estações, pontes e outros prédios ferroviários. Na época, não tinha referências sobre a localização da antiga Estação de Bella Joana, mas em novembro de 2018 recebi do amigo Márcio Rodrigues a belíssima foto que abre esta matéria, raríssimo registro da antiga Estação.

Em novembro de 2022, Paulo Neiva Pinheiro - outro grande amigo de nossa página – enviou registros que fez em sua visita a Bella Joana em setembro de 2022, mostrando a localização exata da antiga Estação – que infelizmente já não existe mais.
Segundo o site http://www.estacoesferroviarias.com.br/efl_ramais_1/bellajoana.htm “pelo menos até 1928 esta estação estava ativa na linha, já não aparecendo mais em 1940 ou além.”



Acima, Paulo Neiva bem em frente ao local onde ficava a Estação de Bella Joana. Ainda é possível encontrar restos de concreto da antiga plataforma de embarque e desembarque. 


Acima, a mesma foto que abriu esta matéria colorida artificialmente, numa contribuição de Rogério Porto Breier.


Abaixo, a localização da antiga Estação sob o olhar de Paulo Neiva Pinheiro.




sexta-feira, 23 de novembro de 2018

ESTAÇÃO SERRARIA - Ponto de partida do primitivo Ramal de Serraria da antiga Cia. Estrada de Ferro União Mineira.


Matéria atualizada em 01 de fevereiro de 2020.










A seqüência de fotos acima são valiosas contribuições do amigo Ricardo Raipp, que visitou a estação de Serraria em 26 de janeiro de 2020 trazendo para nós a boa notícia da reforma da estação.








Estação SERRARIA

Município: Santana do Deserto-MG
Estive na Estação em: 21 de dezembro de 2012.
Fotos recentes do amigo Ricardo Raipp feitas em 26 de janeiro de 2020.
Estação inaugurada em:  20 de setembro de 1874 pela E. F. D. Pedro II, hoje sob concessão à MRS Logística.
Altitude: 308m
Ramal: Linha de Serraria – ponto inicial da Cia. E. F. União Mineira de 1879 a 1904 - Km 0,000
Sua principal função enquanto Estação era atender à E. F. D. Pedro II, Linha do Centro.


Situação Atual – Estação em reformas. 











No início de meus trabalhos para a criação desta página, fiz uma “turnê” nos últimos dias de dezembro de 2012 pelas primeiras estações do Ramal de Caratinga, na divisa dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, passando por Santana do Deserto, Ericeira, pela Ponte dos Ingleses próxima ao local onde existiu a Estação Praia Perdida e por Chiador. Lembrando-me desta viagem é que dei pela falta de uma matéria sobre a última estação visitada, a de Serraria e veio a dúvida: onde estariam as fotos que fiz naquela estação?
Parti em busca destes registros revirando meus arquivos de fotos e não é que encontrei!
Talvez a minha falta de atenção à época tenha sido pelo fato de a Estação de Serraria pertencer à Estrada de Ferro Central do Brasil, bitola larga, tendo sido inaugurada em 1874 pela então Estrada de Ferro D. Pedro II, sendo a primeira estação da Linha do Centro em território mineiro.

Só que a Estação de Serraria teve uma breve, mas importante participação na história da Estrada de Ferro Leopoldina, pois a partir de 1879 ela passaria a ser o ponto de partida inicial do Ramal de Serraria da antiga Cia. União Mineira ligando a mesma à estação de São João Nepomuceno – MG, sendo também estabelecida a mesma estação como a sede da Companhia.
Com o fim da E. F. União Mineira e sua transferência para a Leopoldina, em 1904 a nova empresa resolveu realizar modificações em suas linhas naquela região passando a ligar a estação de Silveira Lobo diretamente a Três Rios, tornando-se inútil o antigo trecho de Serraria a Silveira Lobo. Posteriormente, parte do antigo leito da União Mineira transformou-se em rodovia, ligando Serraria a Silveira Lobo.

Para entender melhor o início de tudo, a Cia. União Mineira nasceu do sonho dos grandes produtores rurais daquela região da zona da mata mineira em buscar meios de escoar com agilidade sua produção rural – especialmente o café, produto com excelente valor no mercado internacional na época – quando resolveram se unir para criar a Cia. Estrada de Ferro União Mineira.
Em grande e concorrida Assembléia Geral dos Acionistas realizada em 31 de janeiro de 1878, no Rio de Janeiro, foi apresentado pela diretoria o Primeiro Relatório da Estrada de Ferro União Mineira para a construção da linha férrea da Serraria até São João Nepomuceno, de onde destaco algumas passagens.

- Meta inicial:
“...A estação terminal desta primeira seção de obras seria no arraial do Espírito Santo (Guarará), finalizando com seu prolongamento até São João Nepomuceno.”

- Foi estabelecida como sede da Companhia a estação de Serraria:
“...A designação desta estação para sede da Companhia pareceu de vantagem, não só porque, sendo o ponto de partida da estrada, melhor se presta às providências a tomar sobre o serviço, como também por ser mais cômodo e fácil ser as nossas reuniões em Assembléia Geral...”

- Interessante apontamento sobre a construção de um zig-zag na serra do Macuco, que despertou em mim o grande desejo de um dia  poder conhecer o local onde ele existiu. Sem dúvida, uma das maiores curiosidades em minhas pesquisas pelos caminhos da Leopoldina:
 “...deram os empreiteiros o começo dos trabalhos de terra a 8 de setembro, atacando o maior corte que temos em nossa linha no ponto culminante da serra do Macuco. Mede este corte 18 metros de alto, subindo sua encubação a 24.000m³ cúbicos de terra. É essa serra sem dúvida o mais frisante das centenas de contos que podem poupar uma boa exploração. De um terreno extremamente acidentado, cheio de fundas grotas e apertados espigões, absorveu-nos ela alguns meses, em que foram estudados vários traçados, que por dispendiosos tivemos que abandonar, resolvendo-nos afinal a empregar um pequeno zig-zag, em que com um recuamento de 800 metros conseguimos um traçado extraordinariamente mais econômico, tendo poupado sem aumento de declividades um kilômetro de linha, evitando um viaduto com 17° de alto e substituído o único túnel projetado pelo corte acima referido. É a primeira vez que se emprega no Brasil este sistema de zig-zag, com jogo de chave de recuamento de trem.”

- Em relação à seção de áreas para a construção da ferrovia, consta no relatório:

“...Os fazendeiros cônscios da importância de nossa empresa à bem da lavoura, procuram facilitar-lhes os meios necessários. Alguns tem oferecido gratuitamente terrenos para assentar-se as estações e materiais. Nenhum até agora exigiu indenizações por danos causados às suas plantações. Todos expontaneamente tem cedido dos seus direitos...”

Veja o Primeiro Relatório da Estrada de Ferro União Mineira completo clicando no link abaixo:
https://otremexpresso.blogspot.com/search/label/Primeiro%20Relat%C3%B3rio%20E.%20F.%20Uni%C3%A3o%20Mineira


O ano de 2020 chegou com uma bela surpresa! A notícia trazida pelo amigo e colaborador de nossa página Ricardo Raipp de que a tradicional e histórica estação de Serraria passa finalmente por reformas, como pode ser visto nas fotos feitas por ele em 26 de janeiro de 2020.




Todas as fotos da seqüência abaixo foram feitas em dezembro de 2012.

















Belos detalhes da arquitetura da estação de Serraria.










Hoje trafegam apenas os trens de minério da MRS pela antiga linha do centro da Estrada de Ferro Central do Brasil, bitola larga.

sábado, 27 de outubro de 2018

Estação PARADA SÃO MARCOS - Pequena parada na Fazenda de mesmo nome.









Estação PARADA SÃO MARCOS



Município de Santana do Deserto
Linha de Caratinga – Km 159,028 (1960)
Altitude: 427m.
Estação inaugurada em: Sem informação.
Não estive no local em: Visitada por Jean Cerqueira em 14 de fevereiro de 2018.
Uso atual: Desconhecido. 

Situação Atual – Trecho declarado erradicado. Sem trilhos.





A ESTAÇÃO:

A Estação São Marcos era na verdade uma pequena parada na Fazenda São Marcos, propriedade particular que provavelmente deveria ser uma grande produtora nos áureos tempos do café. 
A destacar, a existência de uma caixa d’água bem próxima à pequena estação, onde as locomotivas eram abastecidas enquanto esperavam o embarque da carga.


HISTÓRICO:

O amigo Jean Ferreira Cerqueira, de Três Rios – RJ também passou por lá, trazendo belos registros fotográficos e um breve depoimento relatando sua visita:

“Gente, esta coisinha linda ai é a Estação da fazenda São Marcos, também totalmente recuperada. Olhem a caixa de água ORIGINAL tendo abaixo a plataforma de embarque. A sensação que se tem é que vou escutar o apito da locomotiva, mas só sinto o vento bater no rosto!”




sábado, 6 de outubro de 2018

ESTAÇÃO SILVEIRA LOBO - Em pequena comunidade no Município de Santana do Deserto.


Matéria atualizada em 31 de março de 2021. 


Belíssimo registro da Estação de Silveira Lobo em 1906, valiosa contribuição de Manoel Monachesi.


Registro mais recente da Estação de Silveira Lobo, do acervo de Manoel Monachesi.


Outro belíssimo registro da Estação de Silveira Lobo da década de 1910, mais uma valiosa contribuição de Manoel Monachesi.


A Estação de Silveira Lobo sob o olhar de Jean Ferreira Cerqueira em foto de 2018: “Telhado recuperado, plataforma de embarque também. A impressão que dá é que o trem vai chegar a qualquer momento!”


“Este era o lado onde as carroças estacionavam para o desembarque de mercadorias a serem embarcadas nos vagões.”


Fato interessante apontado por Jean Ferreira Cerqueira em sua visita: 
“Olha que interessante! Visitei Silveira Lobo na quarta-feira de cinzas, dia 14 de fevereiro de 2018, e olhem a marcação talhada na parede de um pequeno prédio anexo à estação, numa de suas cabeceiras: 14.2.1923. 
Sem querer fui no aniversário de 95 anos desta linda obra. Só eu, mais ninguém chegou para a comemoração!! E outro detalhe: 14 de fevereiro de 1923 também caiu numa quarta-feira de cinzas!!” 






Estação SILVEIRA LOBO



Município: Santana do Deserto
Linha de Caratinga – Km 156,418 (1960)
Altitude: 422m.
Estação inaugurada em: O atual prédio é na verdade a segunda estação, inaugurada em 01 de novembro de 1904. A primeira estação, já demolida, ficava em outro local e foi inaugurada em 1879.
Não estive no local: Visitada por Jean Cerqueira em 14 de fevereiro de 2018.
Uso atual: Particular. 

Situação Atual – Trecho declarado erradicado. Sem trilhos.

Leopoldina Railway (1884-1950)
E. F. Leopoldina (1950-1975)
RFFSA (1975-1994)



Primitiva Estação SILVEIRA LOBO

E. F. União Mineira


https://otremexpresso.blogspot.com/2018/11/estacao-serraria-ponto-de-partida.html







A ESTAÇÃO:

Nossa próxima parada é na Estação de Silveira Lobo, contando com as sempre valiosas colaborações dos amigos Jean Ferreira Cerqueira, de Três Rios – RJ, Manoel Monachesi e Ricardo Raipp.

Jean percorreu de bike o antigo leito ferroviário até Sossego em fevereiro de 2018 passando por Silveira Lobo e São Marcos.

Ricardo Raipp fez o mesmo percurso em 2020 e Manoel Monachesi trouxe fotos raras de seu belíssimo acervo.

O atual prédio da Estação de Silveira Lobo foi inaugurado em 1904, mas na verdade era a segunda estação com esse nome.

A primeira Estação de Silveira Lobo ficava em outro local, no antigo Ramal de Serraria da E. F. União Mineira (desativado em 1904). Ela havia sido inaugurada em 1879 e ligava a Estação de Serraria - na linha do Centro da EFCB - às cidades de Bicas e Pequeri.

Com a desativação do antigo Ramal de Serraria, foi construída a nova Estação – apresentada nas fotos do acervo de Manoel Monachesi, de Ricardo Raipp e de Jean Cerqueira.

 

HISTÓRICO:

O ZIGUE-ZAGUE - Em grande e concorrida Assembléia Geral dos Acionistas realizada em 31 de janeiro de 1878, no Rio de Janeiro, foi apresentado pela diretoria o Primeiro Relatório da Estrada de Ferro União Mineira para a construção da linha férrea da Serraria até São João Nepomuceno, de onde destaco o interessante apontamento sobre a construção de um zigue-zague na serra do Macuco, que despertou em mim o grande desejo de um dia poder conhecer o local onde ele existiu. Sem dúvida, uma das maiores curiosidades em minhas pesquisas pelos caminhos da Leopoldina:

 “...deram os empreiteiros o começo dos trabalhos de terra a 8 de setembro, atacando o maior corte que temos em nossa linha no ponto culminante da serra do Macuco. Mede este corte 18 metros de alto, subindo sua encubação a 24.000m³ cúbicos de terra. É essa serra sem dúvida o mais frisante das centenas de contos que podem poupar uma boa exploração. De um terreno extremamente acidentado, cheio de fundas grotas e apertados espigões, absorveu-nos ela alguns meses, em que foram estudados vários traçados, que por dispendiosos tivemos que abandonar, resolvendo-nos afinal a empregar um pequeno zigue-zague, em que com um recuamento de 800 metros conseguimos um traçado extraordinariamente mais econômico, tendo poupado sem aumento de declividades um kilômetro de linha, evitando um viaduto com 17° de alto e substituído o único túnel projetado pelo corte acima referido. É a primeira vez que se emprega no Brasil este sistema de zigue-zague, com jogo de chave de recuamento de trem.”

O outro importante apontamento sobre o zigue-zague é o trecho do Diário de Dom Pedro II, vol. 25, de 27 de abril de 1881(aª fa), copiado de José Carlos Barroso – Cessão Marcus Granado). Dom Pedro II andou na União Mineira passando por Bicas, em 1881:

-"(...) 5 ½ Acordei. Vou ler. Saio às 7h. Caminho conhecido até Serraria. Cheguei às 8 ¾ a Juiz de Fora. A cidade tem aumentado muito. Bela avenida com bonitas casas que devem arborizar. Almocei numa destas que é do Barão de Cataguazes. Partida do trem às 11h 10'. Nada de novo até Serraria. Aí entramos no trem da Estrada de Ferro da União Mineira. Percorremos 84km até o arraial - vila ainda não instalada de S. João de Nepomuceno. A estrada para subir parte da serra do Macuco tem 2 ziguezagues com plataformas. Tem 7 Estações pequenas porém bem construídas conforme a aparência. Vista muito bela assim como mato viçoso de Bicas para diante. Descobre-se amplo vale fechado por altas montanhas, e perto de S. João avista-se a alta serra do descoberto de contorno original. Grande número de quilômetros a começar da Serraria passa a estrada por fazendas de café muito bem plantadas e algumas com casas feitas com bom gosto. Há interrupção de terras tão boas para voltarem estas. Vim conversando com o engenheiro Betim cuja direção inteligente e ativa revela-se no modo porque a estrada foi construída e tendo trilhos de aço, e com o desembargador Pedro de Alcântara Cerqueira Leite a cuja influência se deve sobretudo a estrada que é de bitola de um metro. (...)" 

Fonte: site Estações Ferroviárias do Brasil, de Ralfh Mennucci Giesbrecht.



Belo postal da estação de Silveira Lobo datado de 10 de março de 1906.


A Estação de Silveira Lobo em outro ângulo. Foto da década de 1910, do acervo de Manoel Monachesi.


A movimentada Estação de Silveira Lobo em destaque nesta foto da década de 1910. Observem no lado direito da foto a parte do que parece ser um "Girador de Locomotivas".


A Estação de Silveira Lobo neste belo registro do acervo de Jorge A. Ferreira Jr.


Mais fotos e relatos de Jean Ferreira Cerqueira sobre sua visita à Estação de Silveira Lobo, trazendo também belos registros do que encontrou pelo caminho.
“Claro que eu não poderia deixar de tirar uma foto com esta anciã de mais de mais de 90 anos!”





“Já na subida para Santana do Deserto, pode-se ver parte do muro de arrimo que sustentava o relevo por onde passavam os trens.”


“Nas três fotos abaixo a base da ponte de ferro que sustentava os trilhos da Leopoldina, já bem próximo da estação de Silveira Lobo.”




“Na seqüência abaixo, por estes corredores passavam as composições de Três Rios a Bicas e vice-versa.”





Abaixo, dois belos registros de Ricardo Raipp feitos em visita à estação de Silveira Lobo em 2020.